Olá Queridos(as) Leitores(as), após algum tempo afastada do mundo
dos Blogs, decidi voltar. A verdade é que este tempo longe da Blogosfera fez-me
refletir sobre o quanto eu gosto de ter um blog e sobre o quanto eu gosto de
escrever para vós. Assim sendo decidi dar-me uma nova oportunidade e começar
tudo de novo. Espero ser recebida de braços abertos!
Não sabia muito bem qual o gênero de post escolher para ser o meu
primeiro, então decide escrever sobre o meu tema preferido: A amizade.
A verdade é que eu tenho muitas histórias bonitas para contar
acerca deste tema, e queria muito saber se gostariam que eu criasse um quadro no
blog só dedicado a ele. Deixem-me saber a vossa opinião aqui nos comentários.
Fala-se, desde sempre, do amor à primeira vista. Discutem-se
teorias, hipóteses e realidades, misturadas numa confusão de sentimentos que só
quem já o viveu sabe definir.
Mas porém nunca se fala muito de amizade à primeira vista. Aquela
amizade que se inicia com uma empatia imediata e quase se estende para a vida,
para qualquer momento. Aquela amizade cujo clique se faz nos primeiros contactos
e que se torna forte e resistente, e que nem a distância mais longínqua pode
abalar. Aquela pessoa que nós gostamos logo no primeiro instante e nem sabemos
muito bem explicar porquê.
Aquela amizade que se constrói só porque sim, porque aquela pessoa
está destinada a fazer parte da nossa vida e entra no nosso coração porque a
escolhemos e porque ela nos escolheu a nós. Não podemos dizer, claro, que nós ficamos amigos de alguém logo no primeiro contacto, mas sim que, logo ali, é possível estabelecermos
uma grande amizade.
No meu caso, esta foi a primeira vez que fiz uma amiga à primeira vista, pois
normalmente sou um pouco desconfiada e é difícil para mim confiar logo nas
pessoas.
Mas ela é uma amiga que adoro e é a minha irmã do coração. Por
isso hoje, este post é dedicado a ela, e a todas as pessoas que acreditam que
ainda há amizades verdadeiras, mesmo sabendo que podem não o ler.
Acreditam em amizade à primeira vista?
Eu passei a acreditar.
Conheci esta rapariga num projecto da minha escola de nome
"Comenius", este projeto trouxe alunos de vários países da Europa:
Espanha, Itália, Romênia, Polônia, Bulgária, e Turquia a visitarem a minha
escola e a minha cidade. Estes alunos permaneceram connosco durante uma semana,
e foi aí que conheci a rapariga de quem vos vou falar neste post, a Edanur, de
nacionalidade turca.
Desde do principio do ano que muitos colegas meus estavam empolgados
com este projeto, mas para mim era indiferente, nunca pensei muito nele, nunca
dei muita importância, apesar de fazer parte do projeto, eu já tinha
participado anteriormente em projetos como este, logo já estava familiarizada
com pessoas de outros países, para mim não era novidade.
No dia em que os alunos estrangeiros entraram pela primeira vez na
minha escola, sendo um grupo de 50 pessoas ou talvez mais, eu achei muito
desafiante e senti-me bastante impressionada, porque era a primeira vez que recebíamos pessoas de tantos e de tão
diferentes países e elas estavam aí, todas tão diferentes, mas todas tão
unidas.
Nesse mesmo dia, na hora de almoço a equipa turca sentou-se na
minha mesa, e eu comecei a conversar com uma rapariga turca chamada Betul, ela,
bastante meiga e simpática (como todos os turcos/as que conheci), apresentou-me
à Edanur. Foi aí que nós duas começamos a conversar e que eu a conheci, algo
que me intrigava nestas alunas é que elas pareciam diferentes das pessoas dos restantes
grupos, e realmente a cultura delas era de longe a mais fascinante. Até porque
esta era a única equipa que partilhava uma religião diferente das restantes, na
Turquia a religião predominante é o Islamismo, e eu fiquei a conhecer bastante
sobre esta religião, tirando de mim a visão completamente negativa e estereotipada que os meios
de comunicação me passaram acerca desta religião e deste povo. Deixem-me saber
nos comentários se gostariam que eu fizesse um post só dedicado a este assunto
tão delicado chamado Islão.
Nos restantes dias que se passaram continuamos a conversar e ficamos
muito próximas. Foi pouco tempo, ou talvez apenas tenha passado a voar. Eu
gostaria de ter tido a oportunidade de passar mais tempo com ela, mas tal não
foi possível.
Houve algo nela que me cativou assim que a vi, e o mais curioso é
que somos realmente muito parecidas, ambas gostamos das mesmas atividades, de
boa música, de animais, temos sonhos, valores e gostos pessoais comuns, e até
algumas fobias idênticas.
E o mais importante é que ela é uma amante de poesia como eu, nós
falamos sobre os mais diversos assuntos, eu sinto que posso sempre confiar
nela, sinto que ela seria incapaz de trair a minha confiança, sinto que ela não
é egoísta como a maioria das pessoas deste nosso mundo de necessidades. Eu
nunca me canso dela nem um bocadinho. Ela é sem dúvida, uma das poucas amigas
que tenho verdadeiras. E apesar da distância, e apesar de agora sermos ambas
alunas universitárias, sempre encontramos um cantinho do nosso dia para
falarmos no videochat ou apenas por mensagem.
E como escrever uma carta a um amigo também é uma forma de arte,
eu propus a ideia de nós trocarmos cartas e ela (que também tem alma de velha
como eu, eheheh, estou só a brincar) gostou imenso da ideia, e aceitou.
Aqui está uma pequena amostra do que é a nossa correspondência:
Uma das cartas que escrevi para a
Edanur
E uma das cartas
que ela me escreveu
Este é um dos vários presentes que ela me
ofereceu (ela mima-me imenso, então o café turco nunca falta cá em casa!). Esta
é uma miniatura da Mesquita Azul, localizada em Istambul, capital da Turquia, e
cidade onde vive a Edanur.
Por quanto tempo estivemos juntas?
E se foram apenas algumas horas, será que ainda a posso chamar de
amiga? Quanto tempo precisamos estar junto de alguém para se tornar nosso
amigo?
Tenho colegas com quem convivi durante anos e para mim não
significam nada, mas ela pelo contrário, esteve tão pouco tempo comigo, e ficou
marcada no meu coração.
O tempo passou, ela foi para o país dela e percebemos
que o que resta para nós é a saudade. Será que me iludi com a promessa de uma
amizade eterna? Como é que conseguimos ficar tão próximas em tão pouco tempo? A
resposta é bem simples e mais fácil do que aparenta ser, é porque nós na
verdade nunca precisamos de tempo para construir a nossa amizade. Tudo foi
acontecendo espontaneamente, o projeto acolheu imensas pessoas, todas
diferentes e bastante interessantes, mas a verdade é que eu não tinha planeado ficar
íntima de nenhuma delas, eu tinha a consciência de que aquele projeto era temporário
e que provavelmente nunca mais voltaria a ver aquelas pessoas na minha vida. Mas ela tocou-me aqui dentro do meu, uhmm, (coração
para os mais românticos, espírito para os religiosos). Tenho guardado dela a
memória de apenas alguns risos, algumas conversas e gestos de afeto. E só
espero puder voltar a encontrar pessoas tão especiais neste mundo, amantes das
pequenas coisas, das coisas que realmente têm valor, ao longo de toda a minha
vida, pessoas como tu, Edanur.
Afinal, como disse Vinícius de Moraes: “Não fazemos amigos,
reconhecemo-os.”
Em Maio fez 3 anos que demos o nosso último abraço, e eu ainda sinto
tão vivo aquele forte aperto, como se o tivesse vivido ontem.
Eu e a Edanur
Da esquerda para a direita Edanur, Eu e Betul
Eu e as raparigas da equipa turca, as
minhas "princesas turcas" como eu lhes chamo carinhosamente, da
esquerda para a direita, Betul, Inês e Daniela (amigas portuguesas), Seher, Eu,
Rabia, Edanur, e Kevser.
Porque a amizade não tem raça e muito
menos religião.
Espero que tenham gostado.
Muito obrigada por seguirem com tanto carinho o meu blog,
Um abraço muito apertado,
Margarida Ferreira